“Hoje, da forma mais dolorosa possível, nos defrontamos com a necessidade de criar uma nova consciência sobre a Terra”, escreve Vanderlan da Silva Bolzani, presidente da Aciesp e conselheira da SBPC

A celebração universal do Dia da Terra ganha um significado especial para os brasileiros neste momento e nesta situação de turbulências vividas pelo País. Durante as últimas décadas, cientistas, políticos e militantes da causa do meio ambiente empenharam-se na tarefa de alertar e tentar convencer a sociedade da importância de preservar os recursos naturais e de valorizar esse maravilhoso patrimônio sob nossa responsabilidade. E no Brasil, temos o privilégio de ter uma terra coberta de todos os tipos vegetações e de florestas. Quando se leva em conta os indicadores recentes que medem os níveis de exploração e preservação desses recursos naturais constatamos com angústia que vivemos em claro retrocesso.

Hoje, da forma mais dolorosa possível, nos defrontamos com a necessidade de criar uma nova consciência sobre a Terra, baseada no conhecimento fundamental para a ciência e para as descobertas do inesperado e desconhecido, como, por exemplo, o coronavírus que assola a Terra neste momento. Como nunca antes, somos obrigados a entender que a natureza não está dividida em pedaços que podem ser recortados, utilizados da forma mais vantajosa e descartados, de acordo com interesses econômicos do momento.

A realidade bate à nossa porta para dizer de forma definitiva que somos parte de um grande ecossistema e que, sobretudo no mundo globalizado, nossos destinos estão entrelaçados aos de outros povos, às florestas, aos rios, aos mares, às bactérias e aos vírus. 22 de abril, o Dia da Terra, serve principalmente para nos lembrar que essa consciência precisa ganhar corpo e estar presente em nossas vidas em todos os outros dias do ano.

Sobre a autora:

Vanderlan da Silva Bolzani é professora titular do IQAr/UNESP, presidente da Aciesp e membro do Conselho da SBPC